Sábado, dia 6, às 22h, um rapaz de 15 anos foi morto por um polícia, em Exarchia, um bairro no centro de Atenas. Alexandros Grigoropoulos estava na rua quando passou um carro da polícia que foi insultado por um grupo de rapazes. Dois polícias pararam o carro, continuaram a discussão e um dos polícias disparou trés tiros a sangue frio contra o jovem, que morreu antes que a ambulância chegasse. Esta não é o primeiro incidente de violência policial grega. Há dois anos um estudante foi espancado por polícias só porque se encontrava perto de uma manifestação, e no mesmo ano imigrantes foram torturadas numa esquadra.
Uma hora depois deste assassínio, as pessoas mobilizaram-se e começaram a manifestar-se. A partir desse momento, e até agora, jovens e idosos, todos foram para as ruas espontaneamente. Não apenas em Atenas mas também noutras cidades gregas. Foram ocupadas universidades, e foram feitas manifestações em frente da esquadra de Atenas e em frente ao parlamento. A multidão nas ruas é imensa.
Estas manifestações não são uma réplica do caos dos banlieues franceses,de há dois anos, quando a violência provinha de um grupo social específico, que vive em ghettos nos arredores da capital francesa. Para além das pessoas que estão a devastar Atenas, que vemos nos jornais e nas televisões, a maioria das pessoas nas ruas da Grécia são pessoas à procura de mudança contra as políticas governamentais neo-liberais de direita e são pessoas contra a violência policial.
O governo de direita, no poder na Grécia nos últimos 6 anos, é responsável pelo aumento do desemprego, da privatização do sistema educativo, do aumento dos impostos, enquanto, simultaneamente, está envolvido em escándalos económicos e dá como presente 28 mil milhões de euros aos bancos com lucro.
Na Grécia, o desespero é transversal da sociedade. As pessoas sem esperança no presente e no futuro, estão a reagir e estão nas ruas a manifestar. Os manifestantes vêm de várias gerações, da classe trabalhadora à classe média e de vários partidos polÌticos, de vários passados. Estão zangados e gritam "Basta!". Na quarta feira estavam todos em greve e 20.000 pessoas manifestaram-se de forma pacífica no centro de Atenas. Pedem a sua dignidade humana perdida e mudanças sociais e políticas.
Os meios de comunicação social defendem que estas manifestações são apenas protestos destrutivos de anarquistas extremistas, e que é o dever do governo proteger as pessoas e a riqueza. O governo não só não caiu, como afirma que a culpa é do partido de esquerda, alimentando o medo ao sublinhar a violência nas ruas e tentando evitar que as pessoas saiam de casa. Os meios de comunicação social tentam aterrorizar as pessoas, mostrando apenas imagens da destruição e escondendo as manifestações pacíficas de milhares de pessoas. Mas até agora, e felizmente, as pessoas não desistem.
Aqui em Lisboa juntar-nos-emos para mostrar a nossa indignação perante o assassínio de um jovem de 15 anos mas também para demonstrar que a violência, o medo e a propaganda dos meios de comunicação social não nos vão calar, e que o que hoje acontece em Atenas é apenas o primeiro passo no caminho para a mudança que a sociedade necessita.
A causa grega é apoiada por pessoas em todo o mundo. Houve manifestações na Alemanha, Itália, Dinamarca, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos da América, Escócia, Croácia e Turquia.
Em Lisboa, sábado dia 13 de Dezembro as 17 h, em frente da embaixada grega, queremos manifestar a nossa indignação pela violência policial. Queremos apoiar as lutas pacificas das pessoas que saíram na rua para dizer basta com esta política. Queremos demonstrar pacificamente a nossa vontade de uma sociedade nova, refutando a violência e as devastações. Queremos falar com as pessoas para tentar dar uma informação quanto mais possível completa, objectiva e verdadeira.
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