terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Alguns pensamentos na situacao grega
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
The secretary of the Union of Housekeepers and Cleaners was attacked with sulfuric acid !
It is suspected that the attack is a punishment for her strong union activity. The Union is one of the most active workers’ unions within what euphemistically is called precarious labour: in other words, Konstantina is a migrant and a severely underpaid and unprotected worker, who decided to join a union in order to struggle against the inhuman conditions imposed to her and her fellow workers.
Behind the attack are her employers and their heavies, who have been threatening Konstantina and other women for their activity in the union.
Konstantina is one of us. Her struggle for dignity and solidarity is also our struggle.
The attack on Konstantina has left a mark in all our hearts. It has left a mark in our memory as have done the racist pogroms, the concentration camps for immigrants, the attacks by thugs working for the state, the workplace accidents, the people murdered by the state, the working conditions that resemble galleys, the purges, the lay-offs and the terror. All these show the long way ahead for the social and class struggle.
THE TERROR SHALL NOT PASS
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Revolução e curtição no "bairro libertado"
Exarchia, o "bairro anarquista" de Atenas, ontem à meia-noite. Imaginem os bares do Bairro Alto, de Lisboa. Os de Exarchia são idênticos. Em grande quantidade, pequenos e muito animados, cheios de gente jovem e descontraída.
Mas, os destes quarteirões de Atenas têm, neste período muito conturbado da vida local, um ambiente especial. Os clientes gostam da farra, mas são muito politizados.
Às 23 horas, tinha havido uma nova cena da guerrilha habitual entre os "Koukoulofori" (os encapuzados) e a polícia. Os atenienses já se habituaram a essa banalidade das pedradas, das chamas dos cocktails-molotov, das explosões das bombas de gás lacrimogéneo, da pancadaria e das bastonadas.
O bar Delphis, no quarteirão de Navarino, continuou aberto durante os 45 minutos de duração do combate à sua porta. Também na noite da véspera, mantivera as portas abertas durante os violentíssimos combates que assolaram todo o bairro durante várias horas.
Enquanto na rua decorriam as explosões e bastonadas, no bar ouvia-se musica rock e jazz e continuava a beber-se muito álcool. Os jovens revoltados que passam depois da meia-noite à porta do bar são aplaudidos.
O Delphis é frequentado por jovens artistas, escritores e estudantes. "Vivemos aqui muito bem, este bairro sempre foi um espaço de liberdade", exclama Mira, uma artista plástica residente no quarteirão de pequenos prédios decrépitos, também nesse aspecto idêntico ao bairro lisboeta.
Os "Koukoulofori" não os incomodam? "Claro que não! Esta luta é necessária para o povo grego e para a Europa onde os ricos açambarcam tudo!", diz a simpática grega, morena e impetuosa, de 30 anos.
Ao lado, o namorado, Ilias, que tem a mesma idade e é desenhador num atelier de arquitectos, está com ar cansado. Na véspera "andou na guerra", como diz. "Acertei nos polícias com algumas pedras", gaba-se. Terminara a noite - "a curtir", sublinha - no Pireu, na periferia de Atenas, às 7 da manhã de domingo, ouvindo Lou Reed, Radiohead e Brad Meldau, em casa de amigos. Bebe cerveja, tal como a namorada. Um comentário sobre o ambiente ligeiramente insurreccional de Atenas? "Tudo está a bater certo, meu", responde Ilias.
"Bairro do amor"
Estamos a poucas centenas de metros da escola Politécnica, o quartel-general dos revoltados de Atenas, ocupada por 500 guerrilheiros urbanos. Não se sente uma ponta de stress, a esta hora, apesar dos combates de há alguns minutos.
A "revolução" é uma festa para estes jovens residentes do bairro. "Já reparaste?", pergunta-me Mira. "Não há patrulhas da polícia nas ruas, o bairro é nosso!", exclama, com um franco sorriso.
Mira está visivelmente com mais sede do que Ilias. E oferece-me um "raki" - "aqui bebe-se um verdadeiro raki e é barato!". Tudo de facto é muito mais barato em Exarchia do que no resto da cidade, onde os preços nos cafés e restaurantes do centro são inabordáveis - 2,8 euros um café, 20 euros uma sandes e uma cerveja no Public, na praça Syntagama, em frente ao Parlamento. O raki é de facto saboroso - e forte. 1,5 euros cada, pagou Mira.
A artista tem razão. De facto, as forças da ordem não ousam andar nas ruas de Exarxia. Nem de dia nem de noite. Só se vêem, às centenas, quando rebentam confrontos, o que acontece com uma frequência estonteante.
Nos restantes bairros de Atenas, verifica-se o contrário. Em todo o lado há imensas patrulhas da polícia, em todos cantos da cidade se vêem agentes anti-motim. As forças policiais de Atenas estão em pé de guerra desde o dia 6, quando um dos seus agentes abateu um jovem de 15 anos a tiro, exactamente aqui, no quarteirão de Navarino, em Exarchia.
Durante a guerra de sábado à noite, os "Koukoulofori" atacaram o "bunker" que é o posto da polícia do "bairro libertado" e alguns bancos noutros locais da cidade. "Vamos conseguir fechar o posto do nosso bairro", promete Ilias.
Os jovens de Exarchia sonham com uma vida sem polícia nem prisões, com uma espécie de "bairro do amor" na versão do cantor português Jorge Palma. Ilias e Mira gostam da geração beat dos anos 60. Lêem Jack Kerouak e ouvem Bob Dylan.
Não são anarquistas. Mas preferem a "lei" imposta pelos amotinados da Politécnica do que a do Estado. Mantêm contudo algum realismo. "Vamos ver se isto dura", suspira Mira. Por volta da 1h30 de hoje saem abraçados para a rua e desaparecem no meio da multidão amiga dos revolucionários que circula vagarosamente em Exarchia, onde se dorme muito pouco durante a noite.
"Isto", segundo Mira e Ilias, é a vida de revolução e festa dos dias e noites de hoje no "bairro libertado", mais conhecido em Atenas pelo nome de "bairro anarquista".
Daniel Ribeiro, Segunda-feira, 15 de Dez de 2008, Expresso
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/478663
Noite de guerra no 'bairro anarquista'
Exarchia, o "bairro anarquista" de Atenas, sábado, 19 horas. A tensão é perceptível na praceta onde foi mortalmente baleado pela polícia, há nove dias, o jovem Alexis, de 15 anos.
Os repórteres de imagem e de som são indesejáveis no local. Quatro franceses, dois da Rádio France e dois fotógrafos, são expulsos a pontapé por dois miúdos de 20 anos vestidos a rigor com a já tradicional farda dos novo guerrilheiros urbanos de Atenas - blusão escuro com capuz, grandes lenços ao pescoço, jeans e sapatilhas.
No chão e na parede de um prédio devoluto estão flores, velas e centenas de mensagens de mágoa e de revolta. Dezenas de jovens com ar mais banal prestam homenagem, emocionados até às lágrimas, ao que chamam o "mártir da revolução grega". Abalados, aprovam o ataque aos jornalistas. "Eles são colaboradores da polícia, que nos identifica devido às imagens e ao som da voz", acusam.
O Expresso pode ficar. A caneta e o papel não os assustam. Paulo Dentinho, da RTP, nem chega a tirar a máquina do saco, não pode trabalhar e sai do bairro. Não arrisca que lhe destruam mais uma câmara, como aconteceu na quarta-feira passada. Voltará depois das 22h, protegido pela polícia anti-motim, como todos os colegas da televisão.
Às 20h, já está uma multidão imensa e compacta na praceta, vigiada por um ballet incessante de helicópteros e, certamente, também por agentes disfarçados de revolucionários infiltrados no movimento. Às 21h, há tanta gente em redor da praceta que os jovens transbordam para as ruelas adjacentes. O bairro - mais extenso do que, por exemplo, o Bairro Alto, de Lisboa - está repleto de rapazes e raparigas que gritam, encolerizados: "Policia assassina!".
No quartel-general dos revoltados, na vastíssima escola Politécnica, antigo quartel militar das tropas no tempo da ditadura grega, os "Koukoulofori" - encapuzados - acendem fogueiras no pátio. Parecem dançar à volta delas, como num ritual tribal de preparação para um combate. Nos portões gradeados de ferro está estampado um cartaz preto com um gigantesco A, de anarquia.
Às 22h, caiem as primeiras saraivadas de bombas de gás lacrimogéneo em todo o bairro. Gás fortíssimo, apimentado, muito mais forte do que o utilizado nas cenas de guerrilha dos últimos dias nas zonas mais chiques da cidade. Literalmente asfixiada, toda a gente foge para onde pode. Nuvens espessas de fumo envolvem o casario. Batalhões de centenas e centenas de politicas anti-motim posicionam-se em todas as entradas do bairro.
Atmosfera insurreccional
Os "Koukoulofori" tomam conta da situação nos quarteirões. São ateadas fogueiras em todas as ruas e esquinas. O ruído das rajadas das bombas de gás que continuam a cair sem parar e das pancadas das barras de ferro dos "guerrilheiros" contra as cortinas de ferro das lojas comerciais é ensurdecedor. A polícia é atacada à pedrada e com 'cocktails-molotov'. Milhares de pedras e de bombas caseiras, estas últimas fabricadas no quartel-general durante o dia, caiem sobre os agentes fardados de verde-azeitona, como os militares. Jovens sem capuz também participam e arremessam com tudo o que encontram à mão - grades, paus, placas de alumínio, pedras...
Raquel Morão Lopes, da Antena 1, regista com cautela, o som da batalha com o gravador escondido no saco.
Às 23h, a policia investe o interior do bairro com centenas de polícias, de bastões ao alto, a carregarem em passo de corrida sobre quem encontram pelo caminho. Correrias de pânico, gritarias, num banzé indescritível. Será assim até ao nascer do dia.
Esta manhã, às 9h, Exarxia é um imenso campo de batalha. Vêem-se destroços da devastadora batalha por todo o lado. Ainda não há balanços oficiais - o número de feridos é indeterminado e a polícia apenas confirma dezenas de detenções.
No "bunker" dos revoltados de Atenas, na escola Politécnica, os guardas de serviço, não me deixam entrar. Vagélis, 20 anos e chefe da guarda, que me facultara a entrada nos últimos dois dias, é simpático e, apesar da recusa, pede desculpa. "Tenho ordens", diz. A letra A continua grudada ao portão. No interior, permanecerão amotinados cerca de 500 "Koukoulofori".
Atenas acaba de viver a noite da sua mais dura batalha desde o início da actual vaga de violência, no passado dia 6. A escalada do combate subiu a noite passada uns largos pontos e, em Exarxia, hoje de manhã, os residentes estão a acordar numa atmosfera insurreccional.
"O que querem vocês?", pergunta o Expresso. "A revolução!", responde Vagélis, de 20 anos.
Daniel Ribeiro, Domingo, 14 de Dez de 2008, Expresso
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/478108
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Boletim da Segunda feira
- O governo continua sua política. Aterroriza as pessoas aprisionando-as sem motivo. Quer quebrar o direito de asilo nas universidades (direito adquirido nos anos setenta após vários estudantes serem mortos pela polícia). Hoje o primeiro ministro disse: "Ninguém sabe quanto negativo pode ser o efeito da crise económica".
- Manifestações em frente dos tribunais para pedir a libertação dos presos.
- Manifestação e concerto fora do politécnico para apoiar a ocupação.
Tragédia grega encenada em Portugal?
Para Portugal, como já avisou a SEDES, os confrontos nas ruas de Atenas devem servir de aviso sério para os efeitos da crise.
Na China, há neste momento 118 homens para cada 100 mulheres e os demógrafos estimam que, em 2030, haja 30 milhões de homens sem hipóteses no mercado emocional chinês. Em Pequim, o Governo tem muito medo destes números e já começou a alterar a chamada política do filho único para tentar inverter a tendência. E o que tem isto a ver com os confrontos entre estudantes e a polícia, que paralisaram a Grécia, causando dezenas de feridos e mais de 1,8 mil milhões de euros em prejuízos?
Pequim sabe a resposta que a Europa, no conforto relativo até aqui providenciado pelo Estado Social, começa a assimilar. Pessoas sem nada a perder são matéria facilmente combustível, que precisa só de um rastilho para explodir.
Na Grécia – onde ontem ainda continuavam os confrontos – todos procuram explicações. Os milhares de estudantes que estão a batalhar nas ruas – aos quais se somaram pessoas de todos os caminhos da vida – não são marginais que habitam lugares subterrâneos da sociedade grega. São pessoas normais, daquelas que estão nos cafés durante do dia, que vivem na casa de classe média dos pais, que estudam na universidade. O que esta massa quer, explicam os sociólogos, é ventilar a sua raiva contra um sistema muito polarizado, baseado numa implacável cultura de sucesso e de consumo, que não lhes oferece qualquer saída para o futuro.
Para Portugal, preso a uma crise económica há seis anos, a situação grega deve servir de aviso sério – como já avisou a SEDES, presidida por Campos e Cunha – para os efeitos que essa mesma crise tem nas motivações e na vida de milhares de pessoas.
É certo que, na Grécia, o espírito de rebelião faz parte da mitologia estudantil, desde a queda da ditadura militar em 1974 – os movimentos universitários portugueses (existem?), assim como os sociais, são bem mais dóceis. Por outro lado, como explica o economista João César das Neves, para estalar uma crise como a grega é preciso haver um “descontentamento endémico”, sendo que em Portugal há apenas “desânimo endémico”, sem força e ideologia definida.
A situação portuguesa revela, contudo, marcas que muitos (incluindo o Governo) preferem não ver. O mercado de trabalho fechou as portas aos cursos universitários que se multiplicaram como cogumelos, o Estado deixou de cumprir a promessa de emprego fácil e a empatia entre cidadãos e poder político nunca foi tão baixa. A sociedade portuguesa é cada vez mais dual – para cada Magalhães e história de “sucesso” há uma faixa cada vez maior de jovens zangados, presos às esmolas do Estado, aos recibos verdes ou aos salários de 600 euros – pessoas que se sentem enganadas e que têm cada vez menos a perder. Manter um discurso político baseado na ilusão e remeter estas pessoas para um plano de invisibilidade social é um erro que, mais tarde ou mais cedo, poderá sair bem caro.
Bruno Faria Lopes, Editor de Economia, diario economico 19/12/2008
Bolletim da sexta feira
- Atenas. O grande concerto foi um êxito embora a polícia ter tentado espalhar as falsas notícias de distruções a acontecerem na área e de uma bomba posta num prédio da praça central. O concerto començou às 17 e continuou até as 2.
O concerto
- Monolis Glezos, um homem muito respectado e conhecido por ter tirado a bandeira nazista da acrópole durante a resistência à ocupação de Atenas, na segunda guerra mundial; afirmou claramente que: "O que está a acontecer nos últimos dias é uma resistência guiada pela joventude". Declarou-se também orgulhado pelas faixas postas na acrópole na quinta feira.
- Cada dia a polícia continua provocar os manifestantes para crearem disrtuições e serem mais violentos; enquanto segue aprisionar pessoas sem motivações reais. Novas filmagens e fotos mostram a cooperação entre polícias e "extremistas" de caras tapadas.
- Várias pessoas de Atenas decidiram deitar seu lixo ao pé da grande árvore de Natal da praça central, guardada ininterruptamente por polícias.
- Houve uma manifestação de professores universitários de manhã e uma dos trabalhadores em Atenas.
- Uma televisão local foi ocupada na Ilha de Creta.
- Cada noite, há pessoas a juntar-se para protestar em silêncio em frente do parlamento.
- Há cerca de 700 escolas ocupadas e 140 universidades (enquanto o ministério da educação fala só em 140 escolas e umas universidades).
- Uma anti-festa de Natal foi organizada no bairro mais rico do centro de Atenas.
- Projeções em vários lugares públicos em Tessalónica.
- Segunda feira vai haver o primeiro encontro para procurar novas maneiras para uma comunicação social independente.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Fotos de Atenas
Um grupo comunista controla um dos prédios mais altos da cidade.
(mais fotos aqui: http://picasaweb.google.pt/lh/sredir?uname=exarchiaLX&target=ALBUM&id=5281499409767936161&authkey=7HA10mguIUg&feat=email )
Polícias
A semana passada:
Rua de Atenas
"Parece-me ser um jornalista de guerra, não podes imaginar... É pena não ter conseguidos fotografar os saqueios mas tenho umas coisas, se conseguir envio-tas..." P.
(mais fotos aqui http://picasaweb.google.pt/lh/sredir?uname=exarchiaLX&target=ALBUM&id=5281513721813721777&authkey=wJzSEyCE4VA&feat=email )
Boletim da quinta feira
- Uma manifestação geral do sistema de ensino teve lugar ao meiodia em Atenas. Milhares di pessoas - estudantes, universitários e professores juntos com familiares e outros - marcharam pelas ruas, contudo fosse um dia de chuva.
Depois da manifestação ocorreram choques entre polícias e extremistas na zona da Universidade Nomiki. A polícia atacou também uns passantes e aprisionou mais três pessoas que não tinham feito nada (a imputação oficial é resistência à autoridade). A câmara duma televisão internet gravou a captura dum jovem, preso só por ter tirado umas fotos.
Muitas pessoas do sistema de ensino manifestaram-se também em Tessalónica, Pátras e outras cidades.
A universidade Nomiki ocupada, 18Dez
- Imigrantes e refugiados marcharam - juntamente com outras pessoas - à noite em Atenas para declarar solidariedade com os gregos. Embora fosse uma manifestação totalmente pacífica, a polícia fechou o caminho para impedir que chegasse ao prédio da União Europeia para protestar contra a nova lei sobre a imigração na Europa.
- A maioria das escolas e das universidades continuam ocupadas.
- Mais 5 rádios locais foram ocupadas nas cidades de Corfu, Esparta e Tripoli
- Hoje (19) vai haver um grande concerto no centro de Atenas. As manifestações continuam.
- Até os mais cépticos começam admitir que se trata de um movimento de resistência e não só da reacção emotiva de raiva pelo assassínio dum rapaz. Quem ainda não admite são o governo e a comunicação social.
- Algumas fotos dos últimos dias mostravam "extremistas" de "caras tapadas" juntos aos polícias depois das destruições. Um video gravado ontem (18) na ilha de Creta mostra quatro pessoas de caras cobertas "aprisionarem" um manifestante que invoca ajuda enquanto uns passantes tantam reagir. Alguns dos passantes afirmaram que esses "extremistas" chegaram numa carrinha da polícia.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Sábado 20 actividades no Porto
solidários com movimento grego
Dia Internacional de Acção 20.12.2008
Ao contrário do que nos querem fazer crer os meios de comunicação, o assassinato, às mãos da polícia grega, no passado dia 6, do jovem de 15 anos Alexandros Grigoropoulos (Alexis) não foi um incidente isolado. Tratou-se, antes, duma explosão do Estado repressivo que, de forma sistemática e organizada, aponta para os que resistem, os que se revoltam, os que combatem o estado actual das coisas e a autoridade que lhe dá corpo.
(...)
Daqui, queremos deixar bem claro que não temos dúvidas sobre o lado em que estamos. Ao lado dos que apelam "não deixem este hálito flamejante de poesia atenuar-se ou extinguir-se". Solidários com os que lutam, com os detidos nos confrontos dos últimos dias, com todos os que se juntaram à mesma luta em muitos outros locais deste planeta que é nosso.
Sábado, 20 dezembro 15h00 entrada livre
Junta-te ao Jantar Popular (a partir das 21h), preparado com alimentos de mercados locais e preferencialmente de agricultura biológica, e envolve-te também no Mercado de Trocas (a partir das 15h pela tarde fora) trazendo tudo aquilo que queiras e trocando por tudo aquilo que gostas. Traz uma iguaria (de preferência veggie, bio, ou regional), vê crescer o cabaz de natal e torce para que te saia a ti!
Também a partir das 15h, começam as Jornadas de Outono de Xadrez do Musas-2008. Um torneio amigável em que te podes inscrever através do email xadrezmusas@gmail.com. Consulta musas.pegada.net.
Se preferires, dedica-te à construção de instrumentos musicais (também a partir das 15h), pelos Ritmos de Resistência, recém banda de samba do Porto.
Às 20h será projectado Zero em Comportamento, de Jean Vigo (1933), com banda sonora ao vivo de Hayena Reich.
Depois de jantar, vídeos sobre a resistência na Grécia 2008
http://casa-viva.blogspot.com/2008/12/blog-post.html
Polícia derrota enquanto governo e oposição tentam isolar protestos de massa
[até agora em Inglês - tradução em curso] http://www.wsws.org/articles/2008/dec2008/gree-d16.shtml
Apelo / Mailing List
exarchialx disponibiliza-se:
Para ligar pessoas envolvidas na organização da manifestação de sábado (à procura de qualquer ajuda, que queiram postar avisos, etc.);
Para dar novidades sobre a Grécia e sobre acções relacionadas em Portugal (por isso estamos a tentar criar uma mailing list);Para quem tiver informações e quisesse publicar;
Para manter os contactos com os presentes às duas concentrações dos dias 13 e 16;
Etc.
Contactar exarchialx@gmail.com
Boletim da quarta feira
- Estudantes manifestaram-se durante a manhã em frente do tribunal central em Atenas contra as prisões. Até agora cerca de 400 pessoas foram presas o algumas são culpada pela nova lei anti-terrorismo.
- De manhã, depois da Reunião Geral dos Trabalhadores da Resistência, esses decidiram ocupar o prédio da Federação Geral dos Trabalhadores (GSSE) em Atenas. Declararam por meio de cantos e cartazes seu apoio aos presos.
A seguir, à tarde, milhares de trabalhadores concentraram-se numa grande manifestação no centro de Atenas. Declararam claramente: "Somos contra o assassinato de um estudante de 15 anos e contra a violenta política do estado que aterroriza e mata pessoas nos lugares de trabalho" (tvxs.gr)
P.C., amigo italiano em Atenas, escreveu:
"Hoje os membros do sindicato das estafetas (Delivery, Souvlaki..) - que em prevelência aderem à área anárquica - fartos de se não sentirem representados pelo Federação dos Trabalhadores assaltaram a sede da Federação, juntamente a outros trabalhadores.
Agora guardam a entrada com aquelas típicas bandeiras anárquicas que estão na moda cá (vou enviar-te as fotos): tacos de baseball com lencinhos pretos e vermelhos em cima.
Os trabalhadores - não os sindicalistas - controlam a sede central dos sindicatos da Grécia. (Trata-se dum prédio bastante elegante que agora se encontra coberto por duas faixas enormes e uma bandeira anárquica com quatro andares de comprimento).
Uma greve geral está marcada para amanhã. A manifestação começa às 12 (ou seja às 13.30, segundo o que é de costume). Não sei o que foi organizado pelos anárquicos pois não passei pelo ASOE. De certeza vai haver uso de gás (os novos abastecimentos de lacrimogéneos chegados do Israel), mas se prevê chuva.
Vou-te dizer"
- Reunião geral dos Estudantes. Os estudantes resolveram continuar a resistência. Organizaram um grande concerto com vários artistas e gupos para sexta feira (19) no centro de Atenas.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Não são anarquistas
Os anarquistas estão na origem dos protestos violentos em Atenas,
na Grécia, mas são uma minoria.
Na sua maioria, os manifestantes são trabalhadores pacíficos
que lutam contra o Governo...
http://mediaserver.rr.pt/rr/others/1991370857031c5.pdf
Do "Página1", jornal gratuito
Boletim da terça feira
- Enquanto o jornal na televisão pública mostrava o primeiro ministro a falar no parlamento hoje, dizendo: "... A nossa decisião è clara: não permitiremos que ninguém transforme a verdade, não tornaremos a Grécia víctima de uma triste história" no meio das salves de palmas dos membros do governo (isto foi transmitido ao vivo em todo o País), um grupo de jovens ocupou a estação mostrando uma faixa cumprida a dizer "PAREM DE OLHAR E SAIAM À RUA" e duas outras com "LIBERDADE PARA TODOS NÓS" e "FORA DE PRISÃO TODOS OS DETIDOS". http://www.radiobubble.gr/el/blog/70
O direitor do canal (que é um dos dois maiores canáis da televisão pública) disse que "Não foi uma ocupação mas uma invasão".
- Houve manifestações em Atenas, Tessalónica e outras cidades;
- Uma equipa de cerca de cinquenta pessoas com uma pequena carrinha - pintada com imagens do Picasso - e máscaras anti-gás, dois portáteis, um projector, microfones, colunas e câmaras de filmar foram pelas ruas do centro de Atenas para tentar obter "informação independente" e acordar as pessoas;
- Ao mesmo tempo a autarquia de Atenas voltou a pôr a árvore de Natal na praça central ao pé do parlamento, rodeada por polícias. No entanto muitas pessoas começam a festejar o Natal;
A árvore de Natal (foto do dia 17)
- Os residentes de exarchia estiveram nas ruas a pedir à polícia para sair da sua área;
Há manifestações marcadas para os próximos dois dias, mas a ideia mais vulgar é que tudo esteja a acalmar-se. Por outro lado algumas pessoas seguem agir e actuam de maneira eficaz e esperta.
Uma nova carta de Atenas
Atenas, 2008.12.15
Olá pa,
Pus o cartão italiano no telemóvel e vi a tua mensagem. Não te preocupes: estou bem. A falta de notícias è devida à impossibilidade de encontrar o lugar e o tempo para escrever-te, mas como se preocupam para mim, eis as news:
[...]
A situação vai-se normalizando (logo te explico o que isso quer dizer). Já não há as grandes batalhas, as devastações e os saqueios dos primeiros dias. Começa-se a reconstruir. A cidade lembra-me um bosque dos nossos vales [do norte da Itália] antes da primavera, quando todas as árvores estão ainda completamente desfolhadas e só as cerejeiras já florescidas se distinguem, destacam-se por seus fatos brancos. Ora, Atenas é igual pelos prédios queimados. Não são muitos mas dão nas vistas; de vez em quando um aparece à esquina... uma loja de carros, om banco, um supermercado. Um meu amigo disse-me que acha graça perguntar-se quantos destes esqueletos não estivessem assim antes da revolta; até descobrir que nem anteriormente a situação era cor-de-rosa... E isto explica muitas coisas.
Os últimos choques espalhados aconteceram sábado na ocasião da primeira semana depois do assassinato. Uma manifestação logo atrás da outra, choques no bairro Gazi e na Exarchia com a utilização abundante de fogos artificiais pelos manifestantes, muitas concentrações pacíficas e manifestações espontâneas durante todo o dia e toda a noite.
Eu andei ao calhas como um pião até me juntar a uma marcha espontânea de pessoas que voltavam para o centro. É desaconselhável circular sozinho enquanto ocorrem acções... Não há do que ter medo mas a polícia segreda e os fascistas são uma realidade e podes vê-los divagarem à volta das marchas e das faculdades. A marcha em que estava invadiu a rua, mas, embora se mantivesse quase totalmente pacífica, foi parada pela polícia que cortou a passagem à frente e atrás. Consegui fugir com outro menino até o ASOE, um covil anárquico.
Lá soubemos que 37 pessoas foram bloqueadas pela manobra da polícia e presas. Os anárquicos decidiram então responder queimando um banco. Prontos e armados saíram do ASOE, mas voltaram logo depois quando um cocktail molotov entrou por engano numa casa. Quase acabaram por bater-se. Então fui para casa: do meu ponto de vista a coisa está a perder-se. Concretamente as manifestações estão nas mãos dos anárquicos do ASOE e do Politécnico, mas são acções escolhidas, assaltos a bombas de gasolina e rápidos raids incendiários contra bancos ou objectivos governamentais como ministérios ou esquadras da polícia. A resistência já não é difundida e de todas as maneiras segue pacífica, contudo as manifestações continuam sem parar.
Além da crónica.
A situação está "normalizada", como já te disse, numa completa anormalidade.O facto de não haver saqueios em todo lado não significa que tudo esteja como dantes. O clima que se respira, o ar é diferente. Vê-se em muitas pequenas coisas. Realmente pode-se ir trabalhar de manhã, mas os semáforos foram quase todos totalmente destruídos. Consegues imaginar uma metrópole do tamanho de Atenas, com 5 ou 6 milhões de habitantes, caótica e desordenada como Atenas sabe ser, sem código da estrada? Isto significa que deslocar-se do ponto A até o ponto B da cidade pode demorar um tempo indeterminado que pode mudar de várias horas segundo o dia ou o momento... E nem falo sequer das marchas contínuas.
Ninguém atreve-se a intervir em nada. Adolescentes que devastam cabines telefónicas ou queimam multi-bancos... e ninguém diz nada... nem sequer a polícia.Os polícias andam só em grupos, todos juntos, mas nunca intervêm. Têm medo, só esperam para o turno acabar e as pessoas sabem, todos sentem-no. Cada um faz o que quer, desde atravessar onde é proibido até atirar-lhes lixo em cima.
Só para te dar um exemplo. Ontem pelo centro passou um Porsche. Um homem que estava a atravessar (um homem normal - nos 40 - de fato e com mala) parou, recolheu uma pedra e ...atirou-lha!
Nada de transcendente, percebes? Mas a gente está a acostumar-se ao absurdo.
O ASOE, quase todos os dias, faz irrupção num supermercado e leva tudo para abastecer a cantina auto-gerida e gratuita... Isto poderia continuar durante muito tempo.
O custo da vida é altíssimo, os ordenados dos mais baixos na Europa. Já ninguém acredita no conto para crianças da democracia.
Costuma-se considerar a Grécia como algo "fora" da Europa, como choques no Líbano ou sei lá... Pode-se pensar o que se quiser, mas a Grécia está na Europa. Eu vivo aqui, fogo! Talvez seja um nervo destapado, mas faz parte do nosso sistema democrático. O que está a acontecer aqui leva a reflexões que deveriam envolver-nos a todos sobre o nosso sistema de governo a colapsar, até os EUA sentiram a necessidade estética de limpar-se a cara através da eleição do Obama.
A separação entre estado e cidadãos aqui é concreta.. podemos respirá-la no ar. A hostilidade das pessoas contra os polícias (deveriam ser os nossos anjos de guarda, mas aqui obviamente ninguém acredita)... O que se diz na Itália - os polícias são servos dos servos, o poder replica-se a si mesmo, o objectivo da política é o obter votos, etc. - aqui vê-se em concreto, devido a problemas estruturais gravíssimos que primeiramente a Grécia já não consegue esconder.
O mesmo que, de maneira mais subtil, se perpetua em cada país ocidental; e deveria fazer reflectir que o incêndio esperava, há anos, por baixo das cinzas assim como em cada subúrbio da Europa. Mas a centelha explodiu de repente, em poucas horas e sem nenhum aviso prévio.
Como se acostuma dizer... O rei está nu...
E agora?
Sáb.20 Concentração em Lisboa
Sábado 20 de Dezembro, 15h00 concentração de solidariedade com o movimento social grego, em resposta à chamada para uma acção coordenada internacional. Praça da Figueira, Lisboa
O movimento social na Grécia protesta contra a violência que a polícia exerce sobre os cidadãos, cujo caso mais recente foi o assassinato de um jovem de 15 anos. Mas os protestos são também contra as crescentes desigualdades sociais.
Neste mundo, quase todos os gregos com menos de 25 anos sabem que pertencem ao que é chamado por todo o lado como “a geração 700 euros”, a primeira geração depois da segunda guerra mundial que cresce com a certeza que vai viver uma situação pior que a dos seus pais. Uma geração com poucas perspectivas de um futuro melhor e ainda menos esperança nesse futuro.
CONFIRMADO
Ontem concentração em Lisboa
A polícia deixou realizar a entrega só depois de ter tirado uma cópia do papel enquanto não foi permitida a entrega de uma mensagem escrita por uma cidadã grega na sua língua.
Carta de solidariedade com o povo grego em luta
Somos um grupo de cidadãos solidários com o povo grego em luta.
O movimento social na Grécia protesta contra a violência que a polícia exerce sobre os cidadãos, cujo caso mais recente foi o assassinato de um jovem de 16 anos. Mas os protestos são também contra as crescentes desigualdades sociais.
Neste mundo, quase todos os gregos com menos de 25 anos sabem que pertencem ao que é chamado por todo o lado como “a geração 700 euros”, a primeira geração depois da segunda guerra mundial que cresce com a certeza que vai viver uma situação pior que a dos seus pais. Uma geração com poucas perspectivas de um futuro melhor e ainda menos esperança nesse futuro.
Estamos solidários com a Assembleia de Ocupantes da Universidade Politécnica de Atenas que diz:
«Nas barricadas, nas ocupações da universidade, nas manifestações e nas assembleias mantemos viva a memória de Alexandros, mas também a memória de Michalis Kaltezas e de todos os companheiros que foram assassinados pelo Estado, fortalecendo a luta por um mundo sem amos e escravos, sem polícia, sem exércitos, sem cadeias e sem fronteiras.
No sábado, 6 de dezembro de 2008, Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos de idade, companheiro, foi assassinado a sangue frio, com uma bala no peito por um polícia na zona de Exarchia.
Contrariamente às declarações dos políticos isto não foi um "incidente isolado", mas uma explosão da repressão estatal que, sistematicamente, e, de maneira organizada, aponta aqueles que resistem, os que se rebelam, os anarquistas e anti-autoritários.
É o pico do terrorismo de Estado, que se expressa com a evolução da função dos mecanismos repressivos, seu armamento ininterrupto, o aumento dos níveis de violência que utilizam; com a doutrina da "tolerância zero"; com a calúnia da propaganda dos meios de comunicação, que penaliza os que lutam contra a autoridade.
São estas condições que preparam o caminho para a intensificação da repressão, tratando de extrair o consentimento social de antemão, e eles cobram as armas dos assassinos de Estado de uniforme!
A violência mortal estatal contra o povo na vida social e à luta de classes têm por objectivo a submissão de toda a gente, actuando como castigo exemplar, destinado a difundir o medo.
É parte do grande ataque do Estado e do patronato contra toda a sociedade, com o fim de impor as mais duras condições de exploração e opressão, para consolidar o controle e a repressão. Da escola às universidades, às cadeias com a escravidão, às centenas de trabalhadores mortos nos chamados "acidentes de trabalho, e a pobreza que atinge um grande número da população... Desde os campos de minas nas fronteiras, os programas e os assassinatos dos imigrantes e dos refugiados, aos numerosos "suicídios" nas cadeias e delegacias de polícia... dos "tiroteios acidentais" da polícia nos bloqueios à violenta repressão das resistências locais, a democracia está mostrando os seus dentes!
Nas barricadas, nas ocupações da universidade, nas manifestações e nas assembleias mantemos viva a memória de Alexandros, mas também a memória de Michalis Kaltezas e de todos os companheiros que foram assassinados pelo Estado, fortalecendo a luta por um mundo sem amos e escravos, sem polícia, sem exércitos, sem cadeias e sem fronteiras.
Enviamos nossa solidariedade a todas as pessoas que ocupam as universidades, as que se manifestam e lutam contra o terrorismo de Estado em todo o país.»
Grupo de cidadãos solidários com o povo grego em luta
Lisboa, 16 de Dezembro de 2008
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Ter16 Concentração em Lisboa
O movimento social na Grécia protesta contra a violência que a polícia exerce sobre os cidadãos, cujo caso mais recente foi o assassinato de um jovem de 16 anos. Mas os protestos são também contra as crescentes desigualdades sociais.
Neste mundo, quase todos os gregos com menos de 25 anos sabem que pertencem ao que é chamado por todo o lado como "a geração 700 euros", a primeira geração depois da segunda guerra mundial que cresce com a certeza que vai viver uma situação pior que a dos seus pais. Uma geração com poucas perspectivas de um futuro melhor e ainda menos esperança nesse futuro.
Por isso, entre as 19h00 e as 21h00, vamo-nos concentrar contra a violência policial, pela justiça social!
domingo, 14 de dezembro de 2008
Sáb.13 Manifestação em Lisboa
Ontem, sábado dia 13 de Dezembro à tarde, ocorreu uma manifestação pacífica em frente da embaixada grega de Lisboa, contra a violência policial e a cegueira da comunicação social. Um cartaz a dizer "O Estado Grego Mata" foi posto fora da embaixada e outro a dizer "Pede ao Pai Natal uma informação mais justa" ficou na estrada ali perto.
A vontade é de informar as pessoas sobre o que está a acontecer na Grécia, pois pensamos que a comunicação social esteja a esconder ou modificar a verdade.
Queremos ser cidadãos informados, críticos e activos.
Yesterday, saturday13th of December in the evening, a peaceful demonstration took place in front of the greek embassy of Lisbon, Portugal, aganist the police violence and the blindness of the mass media. A poster saying "Greek State Kills" was put outside the embassy and another saying "Ask Santa Claus to bring you a better information" remained in the near main street.
The intention is to inform people about what's happening in Greece because we think that the medias are hiding or changing the truth.
We want to be well-informed, critical and active citizens.
(quem poder envie as fotos que foram tiradas sff!)
A vergonha da comunicação social grega
No dia 9 de Dezembro um fotógrafo pediu para a publicação duma imagem que mostra um oficial de polícia apontando a sua pistola para a multidão, uma provocação que decurreu um dia apos o homicídio do adolescente que levou as multidões à protesta em todo o país. Inicialmente o jornal “Eleftheros Typos” – que ironicamente em grego significa “Imprensa Livre” – publicou a foto numa página interior. Mas o fotógrafo não guardara a determinação e o dia seguinte, possivelmente depois da gerência ter recebido queixas importantes por personalidades de alto grau, perdeu seu emprego.
Mais informações aqui: http://shortstorymadelong.wordpress.com/2008/12/09/the-shame-of-greek-media-these-days/
Mensagem
Meus caros,
Nos últimos dias talvez tenham visto notícias sobre os protestos em Atenas e noutras cidades gregas, que foram despoletadas pelo assassínio de um rapaz de 15 anos por um polícia.
Tenho quase a certeza que a maioria de vocês, e consigo perceber que assim seja, não se interessa assim tanto sobre os problemas sociais da Grécia.
Mas, por outro lado, tenho quase a certeza que se interessam, sim, pela qualidade das notícias que recebem do resto do mundo.
E, se esta qualidade estiver reflectida na recente “análise” da situação pelos meios de comunicação social internacional, como Malcolm Brabant da BBC (http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/europe/7771628.stm) ou John Carr no Times, então lamento mas a qualidade é frustrantemente baixa.
Ao ler estas notícias, podíamos ficar com a ideia de que os recentes acontecimentos na Grécia têm como base uma vaga tendência “histórica” dos gregos de se rebelarem contra a autoridade – como se os manifestantes furiosos e os cocktais Molotov atirados às esquadrsas nas últimas noites estivessem de alguma maneira directamente relacionados com a cultura de guerra dos Espartanos ou até, segundo a opinião fundamentada de John Carr, com as guerras dos Troianos.
Mas, para além da Terra dos Esteriótipos existe também um lugar chamado mundo real.
E, neste mundo, a polícia grega pode ser ilibada de tudo, incluindo, literalmente, assassínio. Uma e outra vez. Eles podem espancar imigrantes em estações de polícia, sem que ninguém seja acusado ou detido. Eles são autorizados, aliás encorajados, a nutrir uma atitude baseada na força e na violência para e com os cidadões.
Neste mundo, os gregos sofrem ironicamente de uma elite política e económica corrupta, que, nos últimos anos, esteve constantemente ligada a escândalos de dinheiro público e até terra pública; elite esta que, no entanto, se recusa, sem vergonha, a sequer pedir desculpa, muito menos a aceitar reformas.
Neste mundo, quase todos os gregos com menos de 25 anos sabem que pertencem ao que é chamado por todo o lado como “a geração 700 euros”, a primeira geração depois da segunda guerra mundial que cresce com a certeza que vai viver uma situação pior que a dos seus pais. Uma geração com poucas perspectivas de um futuro melhor e ainda menos esperança nesse futuro.
É neste mundo – e não no mundo dos comentadores com inclinações arqueológicas – que uma única bala pode incendiar uma raiva que tinha vindo a crescer num ritmo constante nos últimos anos; e, numa nota positiva mas cautelosa, a incendiar também uma alma pública, de que tanto se precisa, à procura de um país.
Claro está, não faz sentido pedir-vos que façam alguma coisa por isto. Mas faz sentido pedir-vos que façam alguma coisa.
A próxima vez que lerem sobre “protestos sem sentido” noutro país, por favor, parem por um segundo a pensar no que o olho jornalístico é incapaz de ver.
E, por favor, lembrem-se que as pessoas não queimam as suas próprias cidades só porque têm mau humor nacional.
Obrigado pela vossa atenção e bom ano novo.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
A letter from London / Uma Carta de Londres
(se alguém tiver tempo para traduzir agradeçemos - exarchialx@gmail.com)
11/12/08
Dear all,
Over the past few days, you may have watched the news about the widespreadriots in Athens and other Greek cities, which were sparked by the killing of a15-year old boy by a police officer.
Now, I’m fairly sure most of you, quite understandably, don’t care thatmuch about the social problems of Greece.
But, on the other hand, I’m quite sure you do care about the quality of newsyou get from the rest of the world.
And, if this quality is reflected at all in recent “analyses” of thesituation in respected international media, like Malcolm Brabant’s in BBCOnline or John Carr’s in The Times, it is frustratingly low indeed.
Reading either of these pieces, one would form the idea that recent events arebased on a vague “historical” propensity of Greeks to rebel againstauthority –as if the furious demonstrators and the Molotov cocktails thrown atpolice stations over the past few nights are somehow directly linked to the warculture of the Spartans, or even –according to Mr Carr’s informed opinion-to the Trojan wars.
Alas, apart from The Land Of Stereotype, there is a place called the realworld.
And, in this world, Greek police can get away, literally, with murder. Time,and time, again. They can beat immigrants in police stations, without anyonebeing charged or detained. They are allowed, indeed encouraged, to nurture anattitude towards citizens based on force and suppression.
In this world, Greece suffers chronically from a deeply corrupt political andeconomic elite, which over the last few years has been constantly mired inscandals involving public money and even public land; but unashamedly refuses toeven apologize, let alone accept reform.
In this world, virtually every Greek under 25 knows that he or she belongs towhat has been widely termed “The 700-Euro generation”; the first generationafter WWII growing up with the firm knowledge that they will be worse off thantheir parents. A generation with little prospect for a better future, and evenless hope for it.
It is in this world –and not the one of archaeologically-inclinedcommentators- that a single bullet can set alight a rage that has been steadilybuilding up for years; and, on a cautiously positive note, begin a much-neededpublic soul searching of a whole country.
Of course, there is no point in asking you to do something about this. Butthere is a point in asking you to do something.
Next time you read about “senseless riots” in another country, please dopause for a moment to think of the things the journalistic eye fails to catch.
And please do remember that people don’t burn their own cities just becausethey have a bad national temper.
Thank you for your attention and have a happy new year.
P.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
NA GRECIA AS PESSOAS SAIRAM NA RUA
Uma hora depois deste assassínio, as pessoas mobilizaram-se e começaram a manifestar-se. A partir desse momento, e até agora, jovens e idosos, todos foram para as ruas espontaneamente. Não apenas em Atenas mas também noutras cidades gregas. Foram ocupadas universidades, e foram feitas manifestações em frente da esquadra de Atenas e em frente ao parlamento. A multidão nas ruas é imensa.
Estas manifestações não são uma réplica do caos dos banlieues franceses,de há dois anos, quando a violência provinha de um grupo social específico, que vive em ghettos nos arredores da capital francesa. Para além das pessoas que estão a devastar Atenas, que vemos nos jornais e nas televisões, a maioria das pessoas nas ruas da Grécia são pessoas à procura de mudança contra as políticas governamentais neo-liberais de direita e são pessoas contra a violência policial.
O governo de direita, no poder na Grécia nos últimos 6 anos, é responsável pelo aumento do desemprego, da privatização do sistema educativo, do aumento dos impostos, enquanto, simultaneamente, está envolvido em escándalos económicos e dá como presente 28 mil milhões de euros aos bancos com lucro.
Na Grécia, o desespero é transversal da sociedade. As pessoas sem esperança no presente e no futuro, estão a reagir e estão nas ruas a manifestar. Os manifestantes vêm de várias gerações, da classe trabalhadora à classe média e de vários partidos polÌticos, de vários passados. Estão zangados e gritam "Basta!". Na quarta feira estavam todos em greve e 20.000 pessoas manifestaram-se de forma pacífica no centro de Atenas. Pedem a sua dignidade humana perdida e mudanças sociais e políticas.
Os meios de comunicação social defendem que estas manifestações são apenas protestos destrutivos de anarquistas extremistas, e que é o dever do governo proteger as pessoas e a riqueza. O governo não só não caiu, como afirma que a culpa é do partido de esquerda, alimentando o medo ao sublinhar a violência nas ruas e tentando evitar que as pessoas saiam de casa. Os meios de comunicação social tentam aterrorizar as pessoas, mostrando apenas imagens da destruição e escondendo as manifestações pacíficas de milhares de pessoas. Mas até agora, e felizmente, as pessoas não desistem.
Aqui em Lisboa juntar-nos-emos para mostrar a nossa indignação perante o assassínio de um jovem de 15 anos mas também para demonstrar que a violência, o medo e a propaganda dos meios de comunicação social não nos vão calar, e que o que hoje acontece em Atenas é apenas o primeiro passo no caminho para a mudança que a sociedade necessita.
A causa grega é apoiada por pessoas em todo o mundo. Houve manifestações na Alemanha, Itália, Dinamarca, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos da América, Escócia, Croácia e Turquia.
Em Lisboa, sábado dia 13 de Dezembro as 17 h, em frente da embaixada grega, queremos manifestar a nossa indignação pela violência policial. Queremos apoiar as lutas pacificas das pessoas que saíram na rua para dizer basta com esta política. Queremos demonstrar pacificamente a nossa vontade de uma sociedade nova, refutando a violência e as devastações. Queremos falar com as pessoas para tentar dar uma informação quanto mais possível completa, objectiva e verdadeira.
ENVIA, IMPRIME E DIFFONDE ESTE TEXTO
PORQUE COSTRUIR UMA CONSCIÊCIA CRÍTICA É O PRIMEIRO PASSO PARA SER CIDADÕES ACTIVOS.
exarchialx@gmail.com E exarchialx.blogspot.com
Uma carta de Atenas
11/12/08
Olá pa..
É um prazer receber tuas notícias.. tudo bem?
Recebi a tua mensagem (sms) mas era impossível responder em pouco mais de 100 letras...Ora, come já sabes a situação aqui está tensa, mesmo se agora está um pouco a acalmar-se.
Desde o dia que cheguei explodiu uma revolta popular depois do homicídio dom rapazinho pela polícia no bairro anarquista (Exarchia) onde poracaso eu divagava sem meta.
a partir daquela noite os choques foram intensificando-se assim como as reacções da polícia e agora também das esquadras fascistas.
a situação precipitou completamente há dois dias quando por meio de acções de força e gases especiais a polícia conseguiu dispersar a multidão. As pessoas em fuga perderam os contactos com amigos e parentes, a revolta espalhou-se como uma macha de azeite (=ainda mais). Eu estive em diversas batalhas desde o princípio e distingui-me na defesa duma escola secundária e no assédio da universidade politécnica, a situção está... indescritível,
depois dos choques da outra noite as pessoas começaram a saquear, não posso ir ao trabalho, fiquei bloqueiado na universidade politécnica um dia inteiro, só consegui escapar há dois dias quando os anarquicos foram forçados abandonar as barricadas na Exarchia. encontrei-me sozinho e consegui voltar a casa. Hoje estou melhor, o bairro onde estou está suficientemente tranquilo e longe dos choques... logo que encontrar o tempo faço-te um relato das coisas incríveis que aconteceram desde sexta até hoje.. parece-me ser um jornalista de guerra, nem imaginas, é pena não ter conseguido tirar fotos aos saqueios pois é perigoso, mas tenho umas, se conseguir vou tas enviar. A última noite fartei-me de vomitar por causa da tensão, dos fumos dos incéndios que rodeiam a cidade e sobretudo dos fortíssimos gases lagrimogéneos que quemam os pulmões, o nariz, os olhos e torcem-te o estómago...o inizial entusiasmo transformou-se em cansasso pela maior parte das pessoas, a cidade está paralizada há quase uma semana, mas em muitos pontos já se começa a reconstruir (excepto os lugares quentes: universidade politécnica, exarchia...) mesmo se de vez em quando se acendem novos fogos de revolta.
Eu "estive a curtir" mas nem assim como os gregos todos que gozaram imenso ao ver a sua capital feita aos pedaços, das montras aos pormenores em mármore, foi destruido tudo, no princípio com objectívos escolhidos, políticos (no sentido de objectivos governamentais ou capitalistas) ou seja logísticos no sentido de arranjar pedras e bastões... e assim para frente... depois com qualquer meio cada vez mais degenerado até o puro caos.. não imaginas...
(Pedimos desculpa por eventuais erros de tradução mas não tivemos tempo para uma revisão)
MANIFESTAÇÃO EM LISBOA
em frente da EMBAIXADA GREGA,
R. Alto Duque 13, Lisboa,
queremos manifestar a nossa indignação pela violência policial. Queremos apoiar as lutas pacíficas das pessoas que saíram na rua para dizer basta desta política. Queremos demonstrar pacificamente a nossa vontade de uma sociedade nova, refutando a violência e as devastações. Queremos falar com as pessoas para tentar dar uma informação quanto mais possível completa, objectiva e verdadeira.
PORQUE COSTRUIR UMA CONSCIÊNCIA CRITICA É O PRIMEIRO PASSO PARA SERMOS CIDADÃOS ACTIVOS.
Democracia grega e sangue
Governo da Nova Democracia. Manifestações na rua. Stamatina Kanellopoulou, trabalhador de 21 anos, morre devido a pancadas com um bastão policial. Ao mesmo tempo, Iakovos Koumis, um estudante de 26 anos é morto a tiro por um polícia. Ninguém é culpado segundo a "Justiça". A polícia não é culpada e o governo não tem responsabilidade política pela violência de estado.
Novembro 1985.
Governo de Pasok. Exarchia. O polícia Thanasis Melistas dispara à cabeça e mata Michali Kalteza, um estudante de 15 anos. O julgamento em primeira instância decide que o polícia deve ser punido e cumprir uma pena de dois anos e meio, mas, em segunda instância, a "Justiça" decide que não é culpado. A polícia não é culpada e o governo não tem responsabilidade política pela violência de estado.
Dezembro 2008
Governo da Nova Democracia. Um polícia dispara ao peito e mata Alexandro Grigoropoulo, estudante de 15 anos. Ainda que estivessem presentes muitas pessoas, o advogado do polícia diz que é um mal-entendido, que o polícia disparou para o ar. Depois de 6 dias de manifestações por toda a Grécia, o governo não tem responsabilidade política pela violência de estado. Parece que a "Justiça" também segue o mesmo caminho…o da cegueira.
A democracia nasceu na Grécia, mas está a deitar sangue nos últimos 30 anos…
Esperamos não morrer.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
A CRISE EXPLODIU NA GRÉCIA
A maior parte das notícias sobre os tumultos na Grécia fala apenas disso, da violência, ligando-o ao bairro de Exarchia, conhecido pelas suas histórias anarquistas. É também onde está a sede do Pasok, o Partido Socialista que quer regressar ao poder, nas mãos dos centristas da Nova Democracia do primeiro-ministro Costas Caramanlis.
O To Bhma de domingo, publicado em Atenas, dizia na capa que "Caramanlis joga as últimas cartadas", até porque várias sondagens dão o Pasok à frente. O Ta Nea de ontem, para além da foto do jovem de 15 anos, cuja morte por tiros da polícia desencadeou todos os problemas, tem as fotos da destruição nocturna. É o terceiro dia de problemas e não é só em Atenas, alastrou também a outras cidades. Caramanlis escreveu à família, dizendo que os polícias implicados seriam levados à justiça, mas isso não aplacou as fúrias de jovens. Quem são estes jovens? "Filhos de família, de engenheiros, médicos. Não, não são gente desesperada das periferias. As suas mães vão às compras aos 'shoppings' que eles destroem. É uma fúria selvagem, sem cor política", diz um engenheiro grego numa entrevista ao La Stampa italiano. Mas Exarchia, situado entre a Escola Politécnica e a Faculdade de Direito, foi também onde começaram os protestos, em 1973, que levaram à queda da ditadura militar que deu lugar à actual democracia grega, a qual enfrente problemas graves de credibilidade - no início deste século, a Comissão Europeia acusou o Governo do Pasok de mentir nos números que apresentava e os socialistas deixaram um défice público enorme, que a Nova Democracia conseguiu, em boa parte, resolver.
Esta violência, que parte montras e incendeia lojas no centro, é vista de outra maneira no La Repubblica, pelo editorialista Sandro Viola, que intitula o texto de opinião "A sombra da crise" e escreve que "os tumultos na Grécia são a primeira reacção violenta que se verifica no Ocidente à crise económico-financeira e às medidas restritivas adoptadas por vários governos". Se assim for, estes tumultos terão uma importância bem maior.